VOZES*
Texto existencialista
Por Paulo Rebelo
Ouço vozes
Dentro de minha cabeça.
Curiosamente,
Tenho a impressão
De que me são familiares.
São gemidos,
Murmúrios,
Que tintilam
Nos meus ouvidos,
Ora dialogando
Ora se digladiando.
Falando em solilóquio,
Aparentemente,
Coisas sem sentido.
Falam intimamente
Como se fôssemos
Velhos conhecidos
E, com o tempo,
Virado as costas
Um para o outro,
No fundo, parece
Nunca termos sido,
De fato, nos entendido;
Éramos apenas conhecidos.
Agora aqui estou eu
Apaziguando partes distantes
E antagônicas em mim,
No caos interior em busca de equilíbrio de forças;
O melhor de mim escondido em algum lugar.
Paulo Rebelo
SINOPSE
Aparentemente o autor tem alucinações auditivas, mas não; ele refina o seu sentimento de perplexidade e impotência diante da complexidade do ser. O texto trata de questões do bem e do mal que açodam o indivíduo e que, em meio ao caos, busca a paz interior.