SEROTONINA*

SEROTONINA

Às vezes, 

Arrebatado por vontades 

Próprias de criar,

De fazer tudo que sempre vem na veneta

Que surgem de repente,

De desengavetar projetos

Antigos que pareciam extintos.

De colocar todos meus sonhos 

Em prática,

Aumentando a angústia

Para resgatar o tempo perdido.

Tantas vezes desisti

Sem motivo aparente

E recomecei…

Sim, tenho receio

Dessa gangorra 

Comportamental distinta, 

Ora calma

Ora explosiva.

Ah, esses laivos 

De genialidade.

Essa dopamina.

A sensação de poder,

De que estaria ungido 

Pelo Espírito Santo,

De que sou inatingível, 

Intocável pelo tempo

E à morte.

É pura serotonina; 

Essa coisa que me enleva,

Como estar numa montanha 

Russa,

Que me atiça 

E inquieta,

Pois após de arder 

Em chamas,

Por prazeres tão intensos 

E fugazes,

Vem a longa noite de solidão 

Onde lá busco refúgio,

Sem entender exatamente 

De onde vem tanta emoção.

Paulo Rebelo, o intérprete dos tempos.

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