SEM SAÍDA*
SEM SAÍDA
Nunca menti,
O que é uma inverdade;
Todo tempo
Menti para mim.
Nunca falei disso,
Exceto para mim
Em solilóquios,
Bem baixinho
Como que para o mundo
Me escutar
Guardar um segredo
Sem criticar
E me mostrasse a saída.
Nunca disse
Que não iria abandonar ninguém,
Quando eu mesmo
Já havia me abandonado.
Nunca disse
Que não iria fugir,
Porquanto já estava perdido.
Assim, como poderia ajudar,
Se quem já não me ajudava era eu?
Paulo Rebelo, o médico poeta do Meio do Mundo.
P.S. Inspirado em “Ausencia”, breve texto em espanhol, cujo autor é desconheço. Às vezes, meu próprio poço de inspiração seca e então, me valho da de outro para não morrer de sede.