O VARAL*
O VARAL
Ela era a luz do dia
Eu, eterna noite
Maré vazante
Maré enchente
Ela, à jusante
Eu, à montante
Uma cascata
Eu, um olho d’água
No caminho
Um intenso encontro
Mata exuberante
Floresta devastada
Sua estrada reta e segura
Eu, beco sem saída
Sua roupa no varal
Era o seu perfume
Ao sol e ao vento.
Roupa minha na gaveta
Lavada
Passada
Engomada
Mofada
Abandonada…
Ela sorria
Veio o reflorestamento
Dizia; quem sabe assim…
E eu, assado.
Sorrisos revelavam sua doce alma
Disse ela: que lindo nascer de sol!
Onde?
Um dia
Ao acordar
Dia chuvoso
E úmido.
Suas roupas?
Vi pela janela
O varal limpo.