O SONHO E PESADELO DA ESQUERDA*
ARTIGO DE OPINIÃO
Por Paulo Rebelo
O SONHO E O PESADELO DA ESQUERDA
(O pobre como experimento de poder)
Agradeceria se a esquerda apenas tratasse respeitosamente as classes inferiores, sem nenhum tipo de afetação. Todavia, isso é quase impossível; a esquerda precisa do pobre para manter seu pretenso discurso humanitário, eivado de pedantismo, proselitismo, demagogia e de pertencimento a uma causa justa e global, sobretudo, como sendo seu curador e porta-voz oficial do pobre.
Aí, me pergunto: como a esquerda se apropriou disso a não ser sorrateiramente a base de engodos e sortilégios? Como pode se auto intitular responsável pelos desígnios do pobre?
A pobreza dá voto de confiança absoluta à esquerda. Enquanto a direita a ignora e a usa à custa de dinheiro vivo, a esquerda a romantiza e manipula à base de sonhos irreais.
É desconcertante que trate o pobre com condescência através de justificativas e explicações antropologicas, que mais parecem malabarismo sociopolitico ingênuo, dado às más condições de vida que enfrenta, a sua falta de educação pessoal e formal, com reflexo no mau exercício da cidadania, inteligencia e intelectualidade comprometidas.
Outrossim, o pobre é tratado com paternalismo como se fosse um “portador de necessidades especiais”. Mas, para a esquerda, o pobre não pode ser vista com pena, compaixão ou piedade, pois isso é reforçar o sentimento de superioridade da burguesia. A palavra é auxílio, apoio ou suporte, jamais esmola, pois isso seria humilhação; estereótipo da pobreza. Segundo a esquerda o pobre é pobre, porque o rico é rico.
A esquerda diz que a pobreza tem cura. A solução seria a revolução da sociedade como um todo e não a partir do indivíduo. Não consegue dizer de como seria gerar riqueza, a não ser a partir de “dividir o pão” ou, genericamente, do trabalho.
Assim, a esquerda atual e seus proponentes têm duas faces: uma angelical e outra demoníaca, quando parecem abraçar as lutas sociais, cuja agenda é extensa e complexa como a Igualdade Racial, Direitos do setor LGBTQ, Identidade de Gênero, Direito ao Aborto, Descriminalização do uso das drogas e etc, quando nem ela parece saber por onde começar.
A face é angelical, pois enquanto o capitalismo promete o sonhos de riqueza material, o socialismo faz muito mais: conclama o homem a mudar o mundo! A esquerda sabe como mexer com a dignidade humana.
Ao final, é demoniaco, pois com o socialismo o mundo termina mais pobre e com a estranha sensação que somos todos iguais, porém nivelados por baixo.
Paulo Rebelo, o médico poeta.