O SÉTIMO SENTIDO*

O SÉTIMO SENTIDO

Por Paulo Rebelo

A vida parece não ter nenhum sentido sem os cinco sentidos.
É a interface com o mundo.
É a vida pululando em cada esquina,
É a vida de cada um que segue,
Define um destino,
Uma sina.

E se falta um,
para alguns parece faltarem todos.
Um mundo fica oco.
Um grande susto.
Sobrevém o medo de perder o melhor da festa.

A falta de música, cor, sabor, odor, o calor,
uma peça quebrada na engrenagem,
um elo roto na corrente.
Falta uma peça no quebra cabeça,
incômodo como a dor de dente.

Tudo passa a ser labirinto,
um beco sem saída,
A hibernação,
Uma ilusão.

Sem eles o mundo não teria face,
tem máscara.
Sem eles nem a dor faz mais sentido.

Pois, um sentido provoca sentimentos;
sem sentido,
jamais chegará o dia a ser reparador ou desafiador, 

finalmente, engrandecedor;                  
tudo será ilusório,
inglório,
pois até para lutar tem que fazer sentido.

E quando mal calibrados,
alegria e a tristeza,
a feiura a beleza parecem iguais,
perdendo o sentido,
as nuances,
o contraste que encanta,
que traz luz.

Acontece que sentidos não são tudo nem mesmo o sexto.
Só faz sentido se houver motivação para lutar.

Mesmo com todos os sentidos,
o mundo não é mundo,
não há mundo nenhum
ou é o outro mundo qualquer,
onde não há vida;
 

um submundo,
é o mundo do outro se não houver um sentido maior dos sentidos,
intangível,
imperceptível ao corpo,
mas sensível à alma.

Acima disso,
para dar o grande sentido à vida,
o maior dos “sentidos”:
o motor das emoções, corrigindo e relevando as ilusões,

perdoando os erros dos seis outros sentidos, 

eternamente sujeitos às paixões:

O AMOR FRATERNAL.                                                                    

Paulo Rebelo, o médico poeta.

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