O RENASCIMENTO DA TERRA ABENÇOADA*
O RENASCIMENTO DA TERRA ABENÇOADA.
Oh,
Amapá!
Terra idílica,
teu povo tão gentil,
de hábitos singelos,
provincianos,
por vezes,
pueris.
O que teus governantes fizeram contigo?
Parecias ingênua
e por isso foste enganada e negligenciada por aqueles para os quais deste tudo; de um teto à riqueza e fama.
E o que te deram em troca?
Nada,
exceto a pobreza!
Tiraram de ti, inclusive,
a tua graça
e beleza.
Tuas praças estão sujas,
tuas ruas sem luz e esburacadas,
tua orla poluída pelo esgoto a céu aberto,
despejado no teu majestoso Rio Amazonas que te abraça
e tanto de ama.
Antes tão bem tracejada,
foste invadida por favelas,
roedores,
tuas ressacas ocupadas.
Não há água encanada e esgoto para todos,
a luz é inconstante.
A água é de poço, há fossa negra nos quintais.
Lá fora, perguntam-me:
em que interior vives?
Tenho orgulho, mas envergonhado, sou obrigado a dizer: Macapá, capital do Amapá.
Teu povo humilde está cabisbaixo, revoltado, mas sem força.
Não há trabalho para teus jovens,
não há saúde para teus velhos nem comida em muitas mesas.
Só há promessas vazias de teus líderes.
Assim,
assistimos tristes e impotentes a tua população ser devastada por essa virose letal,
deixando-nos desolados,
teus filhos e filhas enlutados.
A saúde pública que já estava à beira do abismo,
foi jogada ladeira abaixo.
Um dia esse flagelo acabará.
E dos escombros ressurgirás forte.
É impossível que teu povo não abstraia daí uma dura lição.
Durante muito tempo, tua gente só queria viver em paz, mas fechou os olhos para as injustiças e foi tolerante com aqueles que lhe prometeram o que jamais cumpriram.
Acredito agora que pela graça de DEUS o teu povo nunca mais será incauto!
Paulo Rebelo, amapaense de coração.