O REI*

O REI

Algo me diz
que eu vá adiante
sem medo nem culpa,
que não olhe mais para trás,
que eu me atire no infinito
do espaço sideral,
corra que nem animal ferido
em busca da liberdade,
bem longe da cidade.

Que eu vá para o campo
idílico,
em busca de cura,
que não mais escute os “nãos”
e não leve nada
nem o medo
de minha vida feita em vãos,
jogue fora meus traumas,
de vez,
eviscere
minha alma.

Que eu me permita ser eu mesmo,
meu lado verdadeiramente são,
sim, o meu lado insano
que jaz oculto,
abafado dentro de mim.

Certamente,
eu seria cobrado,
execrado,
por ter sido arrebatado por sonhos pueris,
mas nunca mais sentir -me humilhado.

Lá no fundo seria invejado,
não mais importa,
quem sabe
seria tratado como rei;
alguém que ousou tentar fazer o que ninguém nessa vida um dia jamais fez.

Paulo Rebelo

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