O NEGRO ATORMENTADO*
O NEGRO ATORMENTADO
Andam falando tanto por aí,
Que a sociedade brasileira é racista
De pai e mãe,
Que até eu,
Pretinho sem maiores traumas
De nascença e criação,
Outrora alegre e faceiro,
Tornei-me triste e reflexivo,
Chamado de alheio,
indiferente
E maldito.
Passei a ter pesadelos diários,
Onde neles,
Ora sou escravo bajulador do branco
Ora sou escravo fugitivo da senzala,
Ora sou algoz senhor de engenho
Ora um desalentado negro alforriado,
Carregado de dor atávica,
Agora preso à solidão
De minha infância perdida.