O MULTI BILIONÁRIO*

O MULTI BILIONÁRIO

 

Acordei bilionário!

Não imagines que eu esteja delirando ou alucinando,

Que eu realmente esteja deitado debaixo de dinheiro ou que minhas ações tenham valorizado 1000% nas bolsas de valores pelo mundo afora.

Sim, estou bilionário e muito mais que isso,

Mas não como desejaria a maioria dos homens e que poderiam me invejar e até me matar por isso,

Seduzidos pelo amarelo do ouro,

Pela pureza translúcida dos diamantes,

Pelo verde das esmeraldas ou o azul turquesa da safira;

Todos encegueirados e afoitos para possuir meus bens os materiais;

Ter tudo e todos a seus pés.

Minha fortuna é outra!

Não preciso guardá-la num cofre a sete chaves.

Não preciso escondê-la debaixo da cama,

Tampouco enterrá-la em algum lugar no campo onde poderiam desconfiar que lá estivessem meus dólares no fim do arco-íris,

Imaginando eles que eu ao morrer iria levá-los comigo para a minha tumba impenetrável sob uma gigantesca pirâmide,

Repleta de labirintos sem saída como que demonstrando a todos e para a eternidade que eu fora sim, o mais rico dos homens.

Não, não é nada disso!

Não temo ser saqueado!

Pois, não preciso colocar minha fortuna em nome de laranjas,

Não preciso de escolta policial nem de carros fortes nem de guarda-costas!

Nem preciso andar armado!

Nem colete a prova de balas tenho eu.

Meu carro não é blindado.

Não tenho medo de ser sequestrado!

Minha riqueza é outra!

É de outra dimensão, do tamanho divino.

É do tipo que anúncio a todos,

Exponho em praça pública e em cartazes nas avenidas.

Grito pelos ALTO FALANTES!

Porquanto, é do tipo que não omito nem um só instante de minha alegria,

Que extravasa pela minha pele,

Que explode em meu peito.

Impossível de ser contida!

O meu estado de espírito,

A minha felicidade aberta para o mundo,

Não guardada em bancos suíços

Nem em grandes museus como se fora algo raro.

Só é minha.

É intransferível.

É inalienável.

Impossível de ser furtada!

E quanto mais eu falo de minha alegria mais afortunado resto,

Daquela fortuna inestimável que construí ao lado da mulher,

Ela que um dia sob as bênçãos de DEUS elegi para ser minha,

O berço e criadouro do maior tesouro que guardo profundamente em meu coração: 

A FAMÍLIA!

Paulo Rebelo, o médico poeta.