O MÉDIUM*

O MÉDIUM

Por Paulo Rebelo

Há muitos anos,

Já não sei quantos,

Desde quando,

Passei a sentir

Coisas estranhas

Como sentir que alguém,

Um cliente,

Meu paciente

Estaria próximo de morrer.

Que coisa insana!

Antigos professores meus

Hão de dizer:

“Filho, nenhum mistério;

É teu olho clínico

Que explana”.

Então,

Sem mais nem menos

Eu pensava:

Onde está o Fulano?

Beltrano ?

Sinto falta,

Estou com saudades

De Sicrano!

Assim,

Na semana seguinte,

Lá estava ele,

No meu consultório,

Como num passe de mágica,

De minha mente,

Materializado na minha frente!

Alegremente,

Eu o mirava,

Sem desconfiar de nada,

O cumprimentava

Apertando a sua mão,

Fitando nos olhos

E o abraçava,

Fraternalmente,

Sentido o seu coração

Que palpitava.

Mas, logo em seguida,

Antes mesmo do exame físico,

Sem exame

de laboratório,

Subitamente,

Tomado de profunda

Resignação e tristeza,

Ao sentí-lo,

Certeiro,

Pensava:

Ele veio apenas

para se despedir de mim

Para me dizer ADEUS,

Antes que sua alma

Seja entregue a DEUS.

Acredite:

Um belo dia,

Pouco tempo depois,

Ressabiada,

Lá vinha a secretaria

Dizendo: “sabe o seu fulano?…”

Meu paciente,

Ele desencarnara.

Eu já imaginava,

Já o sentia,

Já aceitara.

💐💐💐

Paulo Rebelo, o médico “mediúnico”.

P.S. Apesar de não aceitar, curiosamente, sempre convivi com isso. Hoje, não mais.

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