O MÉDICO CUBANO*
O FALECIDO MÉDICO CUBANO
Crônica
Numa Noite de Natal, como convidado, testemunhei tristes observações por ocasião do “Programa Mais Médicos”.
Um dos convidados, homem na casa dos 70 anos, militar da reserva, teceu loas ao programa, rasgando elogios ao médico cubano, perguntou-me qual era a minha opinião sobre o programa. Respondi-lhe que seguia a orientação do nosso conselho, o CFM ou seja, o médico deveria estar registrado no Conselho Federal de Medicina, estando sujeito às leis nacionais que regem a profissão.
Insatisfeito com a minha resposta, disse resumidamente:
● O médico cubano é mais patriota que o médico brasileiro (pois vai para onde estão os mais necessitados) e que é:
● Elitista;
● Mercenário;
● Mafioso;
● Garimpeiro (só vai para onde dá dinheiro) e outras grosseiras como “insensível” e desumano.
● E que subempregado, “puxava uma cachorrinha”.
As suas observações eram ditas em alto e bom tom para uma plateia que se mostrava seduzida pelo seu discurso moralista, inclusive, dando “exemplos” diante de ampla mesa, formada de gente de classe media e média alta que, aparentemente, endossava o que aquele homem dizia.
Desnecessário dizer a minha pronta e indignada reação.
Em resumo, disse:
● Que jamais havia escutado tanta asneira na vida;
● Diante de todos: perguntei se ele era um cubano naturalizado brasileiro;
● Senão, os seus argumentos eram de um “traíra”;
● Um militar brasileiro que envergonhava o exército brasileiro pelas suas declarações infelizes, talvez, um comunista travestido de humanitário;
● Perguntei-lhe: “o senhor já se consultou alguma vez com.medico cubano? Aposto que não!”
● Que ele não estava falando com subalterno dele;
Finalmente, apontei para os meus três filhos médicos e Bernadete, pediatra, q estavam na outra mesa e disse-lhe me orgulhava de minha vida e que estava profundamente incomodado e ofendido com as suas descabidas declarações, pois nós não nos conhecíamos.
SILÊNCIO TOTAL.
Saímos mais cedo. A amizade com o dono da casa “fedeu”.
Durante todo o fim daquele ano fiquei mal e ainda houve gente q dissesse que eu fui “persona non grata” e que exagerei na resposta.
Paulo Rebelo, médico.
P.S. Que o CFM continue na defesa da dignidade médica, pois ainda há muitos que acham que o Brasil precisa dos médicos cubanos; a solução da saúde nacional.