O LABIRINTO*

O LABIRINTO
Por Paulo Rebelo

Um dia a agonia

Aos poucos percebi

Que me levava à loucura:

Era eu mesmo.

Achava que a causa

Fosse o mundo.

Começou assim:

Queria fugir de algo

Que me encarcerava,

Que me mordia.

Era uma fera

Dentro de mim,

Como uma grande mentira

A ser escondida,

Que não passava

De uma grande farsa

Minha própria vida.

Todavia, cria que

Se me expusesse,

Se me conhecessem a fundo,

Aí sim, liberto de mim,

Para sempre estaria

Com forças

Porém, cativo.

Outrossim, eternamente escravo

De seus caprichos,

Jamais findaria.

Então, rodei para distante,

Mas me dei conta

De que andava em círculos.

Ao livrar-me de uma dor

Que me consumia

E como uma brecha

Entre colunas de fogo

Eu fugia,

Mas quanto mais agia,

Mais caia numa teia de aranha,

Afundava na areia movediça,

A fuga de si,

Um labirinto do qual nunca escaparia…

Paulo Rebelo, o médico poeta.

Leave a Reply

Deixe o seu Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *