O FUNERAL*
O FUNERAL
Paulo Rebelo
Eu já perdi a conta
de quantas vezes
participei
de exéquias,
Inclusive,
de minhas próprias.
Em verdade,
naquele féretro cerrado,
lá estava eu sozinho,
parte de mim,
Que chorava não só pelos mortos,
mas pranteava por mim mesmo
por meus enganos e erros
Naquele cantinho.
Ao longo de anos,
Dia após dia,
Tantas e incontáveis vezes,
também,
eu desapareci da vida dos outros.
Sem que percebesse fui morrendo
em seus corações
um por um aos poucos.
Nunca me dera conta
de que morria a cada instante
Quando deles distante
E renascia de alguma forma morto
e esquecido
Por aquele que dizia amar e ser amado,
jamais ter eu próprio merecido.
Assim, ainda resta um bocado de mim,
Clamo aos céus,
Para recuperar o tempo sumido,
talvez, quem sabe,
resgatar o amor perdido.
Paulo Rebelo, o escrevente do tempo.
❤️❤️❤️