O DIA EM QUE A TERRA PAROU (e eu de pijama)*
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O DIA EM QUE A TERRA PAROU
(e eu de pijama).
Achei que era um cinema catástrofe americano
num soirée de domingo.
Assistia na TV,
filas imensas de desassistidos,
carentes
e estropiados,
desesperados.
Gente que gritava,
chorava,
esbravejava,
praguejava.
Tudo em vão.
Só se ouvia “não!”
Desesperados,
andavam a esmo,
em circunvolução,
em busca de atenção
perambulando nos hospitais
em busca de ar,
à procura de médicos
e medicação.
Ambulâncias para cima e para baixo,
num vai e vem ensurdecedor.
Arrombamentos,
depredações,
assaltos,
comércio saqueado,
fome e miséria.
Pânico total.
Autoridades alheias,
indiferentes,
outras ignorantes,
nessa hora,
distantes,
totalmente perdidas,
sumidas!
Não, não era um filme;
eu assistia incrédulo:
era a COVID-19.
(Não adiantava desligar a TV)
Paulo Rebelo, o médico poeta.