O CONVITE*

O meu amigo Osmar Junior me fez um honroso convite para visitar escolas públicas, onde há carências de toda sorte e enormes desafios. Há muitos anos faz um louvável trabalho voluntário. Claro que aceitei na hora. Eis a resposta.
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Amigo Osmar,
Grato pelo convite!

A minha esposa Bernadete, sempre perspicaz e boa crítica de mim com suas tiradas, diz que eu sou um humanista “cheio de defeitos”; um deles é que eu não sirvo para ser político, pois esse sabe andar em cima das pontes nas baixadas. Pelo menos, finge. Eu não. Que posso até andar, pois já fui pobre um dia, mas não sei fingir nada. Até tento, mas sem sucesso. Aí, já não sei se é defeito ou qualidade. Eis a dualidade ou ambiguidade dos homens nos bastidores, reveladas na HORA H.

Há alguns anos escrevi uma pequena história. É uma breve e leve autorreflexão sobre essa desconcertante e maravilhosa complexidade do ser humano, a partir da lenta e imperceptível progressão de minha parca, mas rica existência, cuja conta muitas vezes ficou no vermelho; um emaranhado de fios que parecem soltos. Ocorreu depois de muitos “estalos”; as surpresas negativas que a vida nos reservas, quando a alma é assaltada e lhe é tomada tudo aquilo que lhe era caro ou que não se dava valor ou ainda, que sequer se percebia que existisse. Foi quando despertei e percebi que os fios estavam apenas desconectados e desde então, eu os venho ligando um a um, devagar e sempre com alguma pressa, mas sem sofreguidão e ocorre que, surpreendentemente, a ponta “perdida” pode estar em outro lugar, momento ou pessoa querida e assim vamos nos conectando, rezando para as energias fluam bem “e que não hajam curtos-circuitos nem incêndios”. Assim se fazem as amizades que vem e se vão.

Assim estou aberto à novas conexões com outros seres humanos, não importa a cor e classe social. Parecem apostas. Tenho ainda muitos fios soltos e quem sabe poderão se conectar com outras pontas de almas pelas minhas andanças pelas escolas da vida.

Aceito o convite!

Um abraço do pequeno burguês “cuspido e escarrado”, como diz o caboclo paraense, mas que o bico roxo pelo açai não apaga suas origens.

Paulo Rebelo

P.S. Em verdade, o termo certo é “esculpido em pedra de Carrara”, um tipo nobre de granito (há imitações)

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