O CICLO*

O CICLO

(como nossos pais)

Um dia vim ao mundo em estado bruto,

Fruto das Leis Divinas,

Do criacionismo,

Dócil na aparência,

Frágil na essência,

Dotado de extraordinárias potencialidades,

Bela força latente,

 

Assim sendo,

Vieram as primeiras palavras,

Os primeiros passos,

As primeiras regras,

As imposições,

Rebeldias,

A rigidez moral e ética da sociedade,

Padrões a serem seguidos,

Deixaram-me marcas indeléveis na alma.

 

Desde tenra idade,

Meu comportamento infantil,

Sem que eu soubesse,

Foi sendo moldado,

Domesticado,

Doutrinado,

Através da formal

E protetora

Educação familiar,

Não era eu indiciado,

Réu julgado

Nem sequer condenado,

Disciplinado tinha que ser

Diziam os mais velhos.


Quando imaginava estar livre,

Vieram fases;

Da instrução da vocacional,

Da vida laborativa,

Da vida em sociedade.

Da vida introspectiva,

Da intelectual,

Da emocional,

Da sentimental,

 

Um dia,

Dei-me conta de que ainda que me tornasse um renegado,

Fiz exatamente igual a tudo como nossos pais,

Fechando um círculo vicioso.

Tornei-me ultrapassado,

Cansado.

 

A partir daí, disse que o mundo seria diferente,

Que a educação de meus filhos seria outra,

Que haveria mais liberdade,

Mais amor,

Menos guerras,

Menos dor,

Mais fraternidade.

 

Mas minha alma,

Mais experiente,

Abrindo largos caminhos para prosperidade

E com isso a esperança de um mundo melhor,

A partir de meus filhos.

 

Paulo Rebelo, o médico poeta.

 

 

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