O CAMINHO*

O CAMINHO

Andei aqui e acolá, 
subi e desci ladeiras,
Senti o aroma da mata molhada pela chuva 
e do agradável odor que rescindia do assado de panela de minha avó.

Banhei-me em rios e mares do mundo.
Vi muitas guerras com vitórias e derrotas. 
Tive medo, sim.
Em algumas delas fui ferido mortalmente, 
mas sobrevivi graças à maleta de primeiros socorros.

Aventureiro, tomei veredas tropicais, 
escalei montanhas.
Experimentei o gosto da incerteza e insegurança
e incauto e imprevidente,
me perdi em labirintos sob intenso nevoeiro.

Pintei quadros, fotografei a natureza 
e gente de todas as formas, cores, jeitos e manias.
criando uma bela colcha de retalhos.

Desenhei minhas pegadas na areia das praias. 
E vi quando o vento e as ondas as levaram para distante, 
de onde lá pude continuar a minha sina e com fé.

Ri e chorei de alegria, mas também, de lágrimas de sangue.
Vi quando muitos partiram num adeus.

Da aurora ao crepúsculo, 
maravilhado, meus olhos viram muitas coisas inacreditáveis
na face da terra.
Meu coração, muitos amores e dores. 
Afinal, quem dos homens já não sofreu na vida?

Assim, entre tantos acertos e erros, 
tombando e levantando, 
fui fazendo o meu caminho pelo mundo afora.

Paulo Rebelo, o médico poeta.

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