O CAFÉ*

O CAFÉ

A mulher ansiosa,
tensa e nervosa
que vivia apreensiva
e chorosa,
outrora linda,
vistosa,
ao lado o homem,
no passado o grande amor de sua vida,
seu único amante,
agora dupla face,
distante,
uma ferida aberta,
vida incerta,
sua sina,
que descobriu um dia,
tornara-se ele absoluto
e desacertado,
impaciente,
perturbado,
a rotina.

 

Acossar,
açodando os filhos,
como um mau rei maltratando súditos,
pirilampos apagados.
sem brilho,
árvores sem viço,
desnorteados,
que entristecia a mulher,
que andava no escuro
quase sem rumo,
que perdeu a fé no amor,
só dor,
sem calor humano,
havia frio,
apenas desesperança
temor.

Amanheceu…
Os dias eram sempre assim tão iguais assustadoramente mudos.

O café preto incolor,
inodoro,
sem sabor.

Na mesa, apenas dor.

 

 

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