O AMOR ETERNO*

AMOR ETERNO

Assim que a vi,
era como se eu tivesse nascido
naquele dia.
Antes dela, nada existia.

Passei a prestar atenção
em tudo que fazia,
em tudo que dizia,
em tudo que assistia,
vestia,
como andava,
como sorria.

Ela era perfeita
para mim,
esperta,
inteligente,
serelepe,
resplandescente,
meio inocente.

Pela primeira vez,
o que eu sabia de menina,
mudou da noite para o dia,
uma encantadora
e misteriosa mulher surgia,
incandescente,
cheia de sortilégios,
tomada de hormônios,
repleta de sonhos.

Passou existir
na minha linha do tempo,
antes e depois dela.

A arte de seduzir
ela já dominava com maestria,
ainda que simples,
era para mim
pura magia.

Estava no seu sorriso,
no raciocínio rápido,
nos seus longos cabelos,
no andar macio,
nos trejeitos,
Por ela, então,
fui seduzido.

Assim, o primeiro filme,
a pipoca,
o primeiro beijo doce
e mais outros beijos
cada vez mais densos,
mexendo com todos os sentidos.
Os anseios,
os planos conjuntos,
os desejos.

O meu primeiro amor,
minha primeira dor,
minhas dúvidas.
minhas inseguranças,
ciúmes.
As primeiras brigas
As pazes.

Então,
ocorreu numa noite de verão,
o beijo ardente,
diferente de tudo
que experimentara.
Corpos suados
e quentes,
bocas secas
gemidos e sussurros,
calafrios,
tremores.

E ao fim da noite em claro,
exaustos, olhamo-nos profunda
e ternamente.
Com voz embargada pela emoção,
sob lágrimas de alegria-
“eu te amo!”, dissemos juntos.

Abraçados como cúmplices adormecemos.

Paulo Rebelo para Bernadete.

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