INFORMAÇÃO NÃO É EDUCAÇÃO*

INFORMAÇÃO NÃO É EDUCAÇÃO.
Por Paulo Rebelo

A percepção que se tem é que o mundo anda mais egocêntrico, menos solidário e nivelado por baixo. Últimamente, está de ponta-cabeça, com a imagem invertida no espelho e eviscerada. Dessa forma, é impossivel comprendê-lo em toda sua complexidade, pois a democracia mal interpretada por muitos o fez poluído por ações, atos, comportamentos e opiniões que, frequentemente, colidem entre si, acrescentando mais confusão ao mundo, beirando uma guerra, no mínimo, de egos.

Apartir da internet, a informação instantânea passou a estar disponível a todo o ser humano, mas não necessariamente o conhecimento, por conseguinte, a formação humana, cuja busca é um atributo individual, sendo que a prática em grupo na sua comunidade ou isolada, através do HANDS-ON, o enriquece.

A busca sistemática pelo real conhecimento é que acaba criando um ser humano diferenciado, este visto erroneamente como pertencente a uma “elite”, quando, em verdade, é o conjunto da sociedade que não se desenvolveu. Logo, para aquele não tem apreço por conhecimento, isso faz a diferença, porém para baixo no conceito social.

Ocorre que a internet dá ao indivíduo a falsA sensação de “empoderamento”, não importando a sua condição social, de que ele é um “cidadão do mundo”, abolindo imaginariamente barreiras e diferenças de classe e, como se já não bastasse, cada indivíduo cria seu mundo virtual que, muitas vezes, alimenta um ambiente fantasioso, que vai desde coisas “nonsense” até criminosas, como golpes pelas redes sociais.

Assim, em que pese a democratização da informação através de uma rede veloz de transmissão, a internet não é capaz de dar ao indivíduo a real educação, rica em humanismo e humanitariedade, enriquecendo, de fato, a sociedade como um todo.

Por outro lado, para agravar o empobrecimento da sociedade, a queda do socialismo no leste europeu e sua redefinição democrática no mundo, abriu as portas de um extraordinário pluralismo, estendido e conferindo voz aos “oprimidos” e ” excluidos”, isto é, às classes menos favorecidas e às minorias, dando-nos uma sensação anarquia geral e comportamento intrusivo destes, como se estivessem invadindo a praia do restante da sociedade, dado às suas legítimas aspirações, porém muitas vezes confusas e paradoxais exigências sociais, vistas como direitos, sem nada apresentar como reais deveres, haja vista que, sempre se consideraram marginalizados e agora, segundo apregoam, é hora do restante da sociedade se corrigir e, finalmente, lhe pagar e recompensar pela intolerância, discriminação, rejeição, bullying, homofobia e racismo impingidos a ela.

O fato desse heterogêneo grupo ser diferente não deveria lhe garantir “compensações” demagógicas como cotas e sim, direitos. Também, não deveria se sentir vitimado, ainda que vitimizado dentro da própria família, inclusive, pois a intolerância não é coletiva; apenas a sua percepção generalizada, sim. A maioria das pessoas, em geral, está ocupada, preocupada com a própria sobrevivência, mas isso não quer dizer que seja essencialmente desumana.

Assim, o mundo real e virtual está confuso e cada vez mais intrincado e, ainda que rico de informação e discussão de conflitos, está mais mais mercurial, sujeito a choques humanos.

Acredito que, como acontece em todos os grandes movimentos sociais mundiais, haverá uma acomodação das diferenças, sanados os conflitos durante essa década ou século. Parece não haver previsão. É possível que piore mais ainda antes de melhorar.

Até a resolução dos problemas sociais e humanos, todos, para mais ou para menos continuarão a ser mais vítimas de suas escolhas pessoais do que da sociedade, agravada pela internet.

Paulo Rebelo, o médico poeta.

Leave a Reply

Deixe o seu Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *