GOTAS POÉTICAS 2*
Gotas Poéticas 2
O poeta acredita mesmo ter os olhos e o coração do mundo, o único conhecedor e intérprete de suas dores; ninguém melhor do que ele a perscrutar a alma humana e lhe dar vozes.
Assim é a relação fraternal entre médico e o paciente; no silêncio penetrante da dor avassaladora que consome ambos, ocorre o maior dos diálogos entre de cúmplices e que escapa à compreensão da maioria dos mortais.
Paulo Rebelo, o escrevente do tempo.
O médico e o seu paciente na terminalidade comungam o mesmo espaço; diante da impotência de ambos, pouco ou nada mais a dizer ou fazer, advém o profundo silêncio no vazio existencial da dor, vazio esse que dá espaço para que ela que se manifeste em toda a sua plenitude e quando esta não tiver mais nada a dizer a ambos, que amaine até desaparecer por completo na vastidão de almas resignadas.
“O poeta é um grande sadomasoquista, todavia não o é por maldade. Inconsequente, através de suas palavras, sofre e faz sofrer na sua inocência e desvairada consciência, pois crê que somente através da dor haja a cura libertadora para o alcance do amor verdadeiro”.
A CURA
O poeta é um único homem que conhece profundamente a loucura dos outros homens, porque lá já esteve à beira da morte espiritual e agora está curado, pois de lá saiu através de suas poesias e poemas que lhe mostraram a verdadeira porta da saída.
POETA: CONCEITO
O poeta não filosofa, alucina. Não racionaliza, delira. Não entra nos caminhos da mente, mas nos labirintos do coração.
“A escrita liberta o seu autor de si mesmo, dos grilhões que o aprisionam no obscuro calabouço de sua alma, frequentemente, atormentada”.
“Acerca de minhas singelas linhas, asseguro-lhe que não almejo as glórias literárias dos grandes escritores; escrevo apenas para registrar a minha rápida, todavia intensa passagem pela terra, já de antemão, sabendo que um dia, serão tão somente pegadas nas areias da praia, haja vista a brevidade dos tempos confusos e espaço limitado em que vivi”.
Se quiserdes saber por onde o poeta andou, basta seguir seus versos escritos como pegadas nas areias da praia.
A verdade única existe, mas o que dificulta a concordância sobre essa afirmação e aplicação prática é que, de acordo com a natureza humana, há múltiplas versões da verdade e sua interpretação variada dificulta sua compreensão muito mais ainda!
Paulo Rebelo, o médico poeta
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