EU, “doutor”*
EU, “doutor”.
Sou médico. Qualquer paciente, rico e pobre, crentes e ateu, preto e branco, homo e hétero, criança e velho, não importa, todos chamam-me de “doutor” com muita deferência e respeito. Certamente, devido à educação pessoal e sobretudo um hábito cultural imemorial. Aliás, isso é ponto pacifico em todas as línguas e culturas mundo afora há séculos.
O detentor do título acadêmico de doutor, geralmente, se sente indignado, paradoxalmente, menosprezado, pelo fato de um médico ser chamado de “doutor”, doutrinando abertamente sobre o termo que deveria a ser dado a quem merece de fato ou seja, aquele que fez doutorado.
A impressão que passam não é do conhecimento adquirido, mas de confrontamento com o médico, historicamente, conhecido como “doutor”; essa gente busca reconhecimento público e auto afirmação através do pomposo nome “doutor”; já o médico, não.
Paulo Rebelo, o escrevente do tempo.
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