DIARIO DE UM INSONE*
DIÁRIO DA MADRUGADA
Por Paulo Rebelo
Acordei às 4 da manhã
De novo…
Creia-me,
Como alguém
Querendo
Me despertar
Para conversar.
Estranho.
Tenho insônia.
Antes me aborrecia com isso,
Agora não mais
Ou finjo…
A casa está em silêncio.
Só os grilos falam.
Às vezes,
À distância,
Cães ladram,
Gatos se esgarnizam.
Parecem dizer algo,
Mas não os entendo.
Portanto,
Aproveito para escrever.
Rabisco sobre o passado
Ou fatos atuais ou recentes,
Os quais tenho dificuldade
Para compreender,
Pois incredulo, sou ignorante,
Ruminando pensamento
Como em cineloop.
Seria uma vítima fácil
Para medicamentos
Controlados;
Os “tarjas pretas”.
Um leite quente me faria bem,
Porém nem sempre.
Talvez, um banho morno,
Mas, por preguiça,
Não tenho vontade
O suficiente para me levantar;
Não quero dramatizar,
Visto que sou um péssimo
Negociante comigo mesmo.
Prevacario.
Parece mesmo
Uma má digestão emocional.
Entao, vomito na forma
De palavras.
Passa, mas deixa resíduo.
Ouvi dizer que nessa hora
Espíritos do bem
Estariam no auge
De sua atividade protetora;
Estariam zelosos
E continentes ao meu lado,
Meus anjos da guarda,
Protegendo-me do males da noite,
quando todas as maldades do mundo seriam engendradas e libertas.
É pura introspecção.
No fundo, são fugas de pensamento,
Elisões da alma.
Nada de valor literário.
É apenas um diário
Meu arquivo confidencial,
É meu consolo.
É o meu perdão.
Meu psicoterápico.
Por isso, a força
De palavras fraturadoas
E remendadas
Que saem de meu peito;
O meu silente grito de socorro
Ou de alerta.
Assim,
Depois da “psicografia”, Sobrevem alguma paz interior
E volto a dormir
como levitando sobre nuvens,
acordando mais calmo
E recordando-me do que revivi
cada momento
Através das breves palavras que escrevi,
Inspirado
Pelas “conversas”
Que tive com os meus eternos guardiões.
“Apenas escrevo pensamentos,
Emoções e sentimentos
como a força natural da vazão irrefreável de um rio a caminho do mar”.
Paulo Rebelo
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