Diabo x Satanás (de um comentarista)
Seu João, um amigo que o destino me presenteou, certa vez me revelou que se sentia desestimulado a exercer o direito ao voto, ante a ausência de candidato digno de representar o povo. Naquela ocasião, período de campanha eleitoral, disse-me ele que das opções de candidatos na sua cidade, para o cargo de prefeito, o quadro estava resumido entre a besta-fera e o satanás. Esse é um exemplo caricato que não destoa muito da grande maioria dos municípios brasileiros. Com outras palavras, o xará de seu João, cientista político norte-americano, John Kenneth Galbraith, dizia que a política é a arte de escolher entre o desastroso e o intragável. A verdade é que a cada dia fica mais difícil acreditar no ambiente político minimamente civilizado. Talvez por tal motivo, Artur da Távola, com a experiência de quem foi senador pelo Rio de Janeiro, falava que “o homem ao dedicar tudo ao objeto da paixão, está é alimentando a própria necessidade, seja de sofrimento, de idealização, de felicidade ou fantasia.” Por essas e por outras, não alimentar grandes expectativas na política é uma questão necessária para a saúde mental, porque o universo ideal nessa seara só existe nas obras de Platão, Tomas More, Tommaso Campanella, Francis Bacon e outros sonhadores do mundo utópico.