DESTINOS CRUZADOS*
DESTINOS CRUZADOS
Ao prestar bem atenção,
na verdade,
uma gatinha.
Era malhada,
preta e branca,
pequenina.
Fugidia,
assustada,
miava,
assim vivia.
Estava sozinha.
Chovia.
Perambulava,
na frente do restaurante,
miava,
molhada corria.
Compungido,
da janela,
impotente, eu tudo assistia.
Pela mãe,
lá fora abandonada.
Acuada,
chorava.
Falta de amor.
“É fome!”, pensava.
Antevendo desassossegado,
nossos caminhos cruzados.
Uma força estranha,
o coração acelerado.
Motivado
Disse: “pronto,
adotada!”
Almocei apressado.
Aflito, perguntava: como, meu DEUS!
Por que pela mãe ela deserdada?
Então,
liguei para casa.
Trim, trim…
as filhas vibraram.
De alegria,
como num casamento
dizendo: “SIM! SIM!”
Sai às pressas.
Procurei por ela.
Olhei ao redor,
lá no cantinho,
uma dorminhoca dormia singela.
Eu a olhei profundamente nos seus olhos negros.
Seus olhos se espicharam até me alcançar.
Brilhavam.
Hipnotizado,
disse eu: “pronto, fui conquistado!”
Suas narinas me cheiraram,
suas vibrissas em mim tocaram.
Fui por ela aprovado!
Eu a chamei.
Ela, sem dizer uma só palavra, sorridente,
disse alegremente apenas:
“miau”.
Abracei-a e às ruas dissemos alto:
“tchau!”
Paulo Rebelo.ti🐈🐈🐈