ARTE RUPESTRE*

ARTE RUPESTRE

A minha alma
Vive a livre escrever
Aquilo que poderia ser
Parente próximo
Ou distante
De poemas e poesias.

São escritas no ar,
Nas areias das praias,
Nos rochedos do mar.

É ociosidade, mas também,
Necessidade.

A minha primitiva
Arte literária
Assemelha-se à pictogramas,
Hieróglifos e garatujas,
Brincadeiras
De crianças

Ou de um Homem das Cavernas,
Que está a aprender
A caminhar
Ou a falar
Os primeiros sons,
Aquilo que seriam
As primeiras palavras,
Pensamentos,
Primitivos sentimentos,
Os mil tons de minha alma
Indômita e fugidia.

São psicoses;
Ora há a mais pura
Inocência
Ora a mais completa
Indecência.

De meus delírios e alucinações
Surgem ideia absurdas
Que se transformam
Em singelas criações.

A minha arte literária,
Se é que arte
Ou assim poderia chamá-la
É a minha estrada,
Meu labirinto,
Meu quarto escuro,
Rota de fuga
De minha alma,
O desenho,
De consciência,

A pintura

A profilaxia para meus males
A saída para minha cura.

Paulo Rebelo

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