ARTE LITERÁRIA por PAULO REBELO*

Amigo-A,

a verdade é que “brinco” seriamente de fazer poemas e poesias. Ao longo de décadas, como observador privilegiado, tenho assistido muitos dramas psico-físico-orgânico-sociais de meus pacientes e familiares, como o que ora atravessas, e assim busco sentir e traduzir o sofrimento humano em toda a sua intensidade (pelo menos, tento), baseando-me nas minha próprias experiências e, como escritor, as dramatizo, dando forte sentido poético existencialista. No fundo, teatralizo para dar conotação e valor pessoais, comuns a todo ser humano, que padece pela dor, às vezes, inefável. Cabe a mim, atrevidamente, descrevê-la poeticamente, e claro, há embutido aí nos meus textos a minha própria dor, que não a escondo despudoradamente, o que me faz tão próximo do leitor, que acaba se identificando com o autor. Assim, há uma intensa troca de sentimentos entre nós; aquele que me lê é o meu psicanalista, também.

Paulo Rebelo, o médico poeta.

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