ANOITECE*

ANOITECE

 

À lua cheia, o sereno silencioso, o som dos animais, o farfalhar da copa das árvores, a luminosidade lunar exerce inefável pressão sobre o ser humano.

O homem muda na forma. Fulguram as silhuetas de corpos como de pirilampos erradios, tornando-os vistosos, envolventes e misteriosos, mas sem mudar jamais no fulcro. Parecemos outra pessoa.

Breve e intenso engano dos sentidos!

A noite evoca o aparecimento de um outro alguém dentro nós mesmos que esteve sempre inaparente sob a luz diurna, oculto; na verdade, não surgiu com a noite; esse espírito viajante sempre existiu.

Paulo Rebelo, o médico poeta

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