ANO NOVO*
ANO NOVO
Por Paulo Rebelo
O ano inteiro passo ocupado.
São coisas do dia a dia,
coisas de trabalho,
coisas da família,
coisas da vida,
O ano velho se vai,
o ano novo vem,
rolam que nem marés.
Muitas coisas ocorreram e eu nem vi,
Nem soube.
De repente, me dei conta de que perdi a identidade.
Sei que alguém se foi…
Então, vem a nostalgia,
A dor de quem perdeu o melhor da vida,
A dor de quem perdeu um amigo.
A cara de desalento de que quem perdeu o jogo…
Por que não lhe liguei antes?
Por que não fui ao seu aniversário?
Por que não os abracei e beijei-os mais?
E se eu for o próximo a partir?
Lembrar-se-ão de mim?
Assim, nesse ANO NOVO, renovo as minhas esperanças de que serei um homem melhor,
que terminarei o que comecei,
que ligarei para os amigos,
Que sairei para jantar com eles,
que não prometerei o que não possa cumprir,
que não magoarei a quem amo,
que eu os curtirei mais
que lavam a alma,
que daqui para frente será tudo diferente.
Geralmente, desejos são como fogo fátuo.
Tudo é promessa.
Ainda tenho fôlego para o acaso,
para os infortúnios,
para o imponderável.
Para o impossível!
A minha mulher diz que eu deveria ser um homem mais leve,
contar piadas,
cantar desafinado mesmo e falar besteiras,
tomar um porre no RÉVEILLON,
vestir-me de branco,
professar a fé em DEUS em qualquer templo ou igreja,
entregar oferendas na praia à IEMANJÁ,
acordar mais tarde num domingo e feriados.
Deu-me uma lista de desejos seus para que eu os faça no ANO NOVO, pois segundo ela, eu levo a minha vida a sério demais e da família, de menos.
Então, há uma voz que me diz: “FAÇA!”
Eu sei que não existe voz nenhuma.
Assim, entre juras de amor, promessas (e velhas brigas) de um casal, nessa toada, já fiz minhas promessas para o ANO NOVO.
E tu, já fizeste as tuas?
Paulo Rebelo, o médico poeta.