AMOR-PRÓPRIO*

AMOR-PRÓPRIO

Por Paulo Rebelo

Às vezes,

Em algum momentâneo surto

Existencialista,

Que em meio ao caos interior,

Parece me consumir eternamente,

Quando a alma desnorteada

Não sabe que direção tome,

Caio em profunda solitude

Em busca de alguma lucidez,

Que foge lentamente pela minha pele,

Que transpira cérea.

Ela seca meu pensamento

E com isso,

Se esvaem minhas emoções.

Duvido de mim,

Dos homens

E, perdão, oh, Senhor,

De Ti, Deus.

Nesse instante,

Percebes algo perturbador

E inquietante,

Aquilo que tu pensas que é,

mas NÃO é,

E aquilo que pensas

que NÃO é, mas é,

Pondo em dúvida a tua sanidade

E até a razão de existência…

Então, tu custas a perceber

Que algo mudou em ti para sempre

Ou sempre fora assim,

e tu nunca perceberas

Nada de errado,

Posto que és ingênuo

Ou altivo, fostes indiferente

Ao cotidiano,

Pondo todas as tuas forças

Algures e alhures.

Assim,

Tu te das contas

Que passaste a eternidade absorto,

Quando muito era pura ilusão,

Ferindo e ferido mortalmente,

Esgueirando-se pelos cantos.

Eu, ludibriado pelos próprios

Órgãos de sentido

E amor-próprio desmedido.

Paulo Rebelo, médico.

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