AMOR À CONTA GOTA
AMOR À CONTA GOTA
(Ou desamor)
A minha intensa,
Para ti, infantil
Forma de amar,
Isso não te apraz,
Pois é banal, não é?
Para ti, é exagero
Ou algo fugaz.
Em verdade,
São teus olhos gélidos
Que me veem assim;
Destituídos de paixão!
Amores não correspondidos,
São fatais,
Pois aquele que não ama,
O amor do outro não tem sentido,
Não dá vazão à nenhuma emoção.
O pior de tudo
É não ser acreditado,
Ignorado;
Uma verdade descartada.
Esse meu grande amor por ti nutrido,
Tudo o que tenho
Para ter te dado.
É o que poderia ter sido
E intensamente vivido.
Todavia, jamais vicejou.
Aos poucos,
Dentro de mim minguou.
Eis a minha maior tristeza,
Eis a minha perversa ilusão.
Aquilo teu nunca foi amor
No teu desamor,
Fui por ti arrebatado.
No fundo,
Inconscientemente,
Jamais fui conquistado,
Pois, nunca tive o teu amor por inteiro.
Já o meu amor
Era abundante;
Jorrou como catarata durante Monções,
Era a temporada.
O teu fora uma breve poção
De encantamento qualquer
A conta-gotas
Em meu coração pingada.
Paulo Rebelo, o médico poeta.