ALMA VIOLENTA*

A VIOLÊNCIA
Por Paulo Rebelo

Às vezes,
Pergunto-me
O porquê
De minha
Violência,
Ora aberta
Ora velada;
Pura inconsequência.

Não falo
Da violência física;
É interior
É caricata,
Que intimida
O outro machuca
E maltrata.

Falo sobre
De onde vem
Essa fúria
Verbalizada
E profunda
Como defesa.

Apresenta-se
Enrustida,
Mas, de repente,
Incontida,
Explosiva.

O confrontamento
Diário,
Essa coisa
De subjulgar
O próximo
Apenas no olhar.
Inquieta-me.
No comportamento,
No silêncio,
Na palavra,
Nas ações
Entre os homens.
O distânciamento

Isso é de uma atroz
Crueldade
Não há outra palavra
Para isso,
Senão
Monstruosidade.

Assustador
É que
Já nem sinto mais
O ódio;
Parece natural.
Quando surgiu,
Um dia,
Não sei.
A partir daí,
Pequei.

O pior de tudo,
Todavia
É ter que aceitar,
Ainda que haja
algum prazer
No conflito,
Onde possa exercer
O meu poder,
Abastecida
Minha alma
Violentada
À base do grito.

Paulo Rebelo, o médico poeta.

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