ACERCA DAS FACULDADES MEDICAS*

A explosão do número de faculdades médicas particulares ocorreu após a redemocratização do Brasil, sendo o auge -172 escolas médicas, somente entre 2011-2021. Havia enorme demanda reprimida quanto ao número de médicos/habitantes.

Atualmente, são formados 25 mil médicos por ano (estatística-2018). São dez médicos recém-formados para cada 100 mil habitantes. “É um número maior do que países desenvolvidos”, afirmou um conselheiro de CFM em audiência pública (EUA (7,8), Chile (8,8) e Canadá (7,7). O Brasil figura em segundo lugar em número de faculdades médicas (336), atrás da Índia (392), a frente dos EUA (184) e China (158). Inicialmente, a criação dessas faculdades obedeceu uma lógica; ocorreu, sobretudo, por necessidade da nação por mão de obra médica. Era a oportunidade do estado investir pesado na área da saúde, mas tal qual ocorreu com a educação, sem recursos ou mal utilizados, governos corruptos ou populistas abriram mão de seu dever constitucional em prol da iniciativa privada, esta passando a tutelar a educação médica, enquanto as faculdades públicas eram sucateadas. Com a estabilidade econômica do país após a consolidação do Plano Real, há o surgimento de uma ampla, forte e exigente classe média e esta, desiludida com as universidades públicas e ainda mais muito concorridas em algumas áreas, em busca de prover educação de qualidade superior para seus filhos, foi natural a busca pelas faculdades privadas, sendo a medicina a mais desejada, estando a medicina no topo da escala social. Além da

Posteriormente, sem o devido controle governamental, transgrediram-se às leis naturais de mercado, baseadas na oferta e procura, a medicina foi tomada de assalto, sucumbindo ao oportunismo empresarial, inundando o mercado com milhares de profissionais, todavia não se se pode dizer que sejam “medíocres e mal formados”, pelo contrário, afirmamos como pais de três filhos médicos, dois dos quais graduados em faculdades privadas, que a imensa maioria dos jovens é bem “antenada” e mais pró-ativa do que as gerações anteriores, principalmente, quando bem orientadas. Atualmente, reúnem mais habilidades (capacidades técnicas) como dominar uma segunda língua estrangeira e computação, por exemplo. Outrossim, ao longo da graduação, apresentam mais trabalhos médicos e obtém mais títulos de especialistas do que na minha época, pois há mais cursos de pós-graduação e residência médica à disposição.
O estado incapaz de atender às demandas de saúde como um todo, principalmente, da classe média cada vez mais intitulada de direitos, criou a Saúde Suplementar, regularizada através da ANS- agência nacional de saúde, que tem a função de fiscalizar e regulamentar os Planos de Saúde e para autorização e controle das faculdades médicas públicas e privadas, o Ministério da Educação e Cultura.
Tanto uma como outra falham frequentemente no seu mister. No meio, o jovem médico é crucificado como no texto do filósofo Luis Pondé.

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