A VERDADEIRA LIBERDADE*
A VERDADEIRA LIBERDADE*
Por Paulo Rebelo
Apenas nos versos
E nos meus sonhos
Posso ser livre.
Andarilho
De lugares,
E sentimentos
Jamais vistos,
Alguns deles
Escondidos.
Neles não há limites
Para a paixão,
É estrada sem fim,
Sem rumo
E sem sinalização.
Para quê, então?
Não há sofreguidão!
É mais do que licença poética; é alma escancarada.
É como carro sem freios.
Sem comedimentos,
Sem receios,
Apenas eu alado
Em pensamentos.
Lá a solidão
Inexiste,
É um lar
Que tem teto,
Acolhimento,
Mas não tem portas
Nem paredes,
Tem libertação!
Nos meus versos
E sonhos
Lá sou eu mesmo
Urro como um animal
Ferido,
Da ponta de minha caneta
Jorra sangue rutilante
De um anjo caído.
É onde posso declarar-me
Despudorado,
Inocente,
Absolvido
De todos os pecados
Que o mundo
Tenha me imputado
Num ser carente.
Lá nunca houve
Nem haverá censura,
Etiquetas,
Vergonha de quê?
Há espaço para usura.
Assim,
Nos meus sonhos
E versos,
Há a liberdade
Que aqui não tenho,
Nunca tive,
E nunca terei.
Paulo Rebelo, o poeta liberto.