A SAÚDE PARALELA*

A SAÚDE PARALELA
(dita suplementar)

Algo de muito errado ocorre com a Saúde Suplementar no Brasil, aquela mediada por planos de saúde; a clientela está insatisfeita com seu Plano de Saúde pelos preços cobrados e ou pelo mau atendimento que recebe pelos serviços contratados; o médico, clínicas e hospitais particulares, também, descontentes pelos valores insuficientes praticados pela tabela de honorários de procedimentos dos convênios no mercado, a ANS (Agência Nacional de Saude) descontente com os planos de saúde que cumprem mal a sua função social e por último, os próprios Planos de Saúde que queixam-se que são vítimas de inflação, de fraudes nas contas médicas e hospitalares e de ações jurídicas que lhes são frequentemente desfavoráveis, para que arquem com elevados custos de tratamentos médicos, ainda sem base científica sólida, muitas vezes, por sensíveis questões humanitárias. O resultado é que a conta não fecha para ninguém.

No fim das contas, a gente se pergunta: que negócio é esse em que todos os atores envolvidos estão insatisfeitos? Afinal: o que não deu certo? O governo federal apenas assiste o circo pegar fogo; é um joão-sem-braço; ele mesmo não dá conta da saúde pública que pela Constituição Federal deveria prestar com dignidade. Saúde: um direito de todos, um dever do estado é ignorada, mas demagogicamente apregoada.

Fica-se com a impressão de que essa atividade (Saúde Suplementar) não presta ou que se presta, alguém levaria vantagem, mas não está claro isso e, curiosamente, parece algo furtivo onde todos os envolvidos eximem-se de seu papel, exercendo-se evasão de responsabilidades. Assemelha-se a um diálogo de surdos mudos, onde ninguém se entende ou finge não entender, buscando levar vantagem ou tirar proveito no caos.

Um olhar menos ácido mostraria que a Saúde Suplementar é um mal necessário na falta do Dever do Estado, onde, lamentável e resignadamente, existiria uma aceitação tácita da parte de todos os integrantes do jogo de que regras ilícitas não são permitidas, mas acabaram sendo incorporadas e irremediavelmente aceitas num jogo em “quem não tem cão caça com gato”, submetendo o povo à humilhação pela necessidade de buscar a sua saúde qualquer preço.

Paulo Rebelo, médico.

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