A ILUSÃO*

Perdi um amor.
Sabe tu,
acreditei que fosse
o maior desse mundo,
o maior que sentira um dia na vida.
Não era verdadeiramente um amor.
Cria que fosse.
Fui enganado;
era pura dor.

Não morreu fisicamente;
envelheceu precocemente até
morrer aos poucos dentro de mim.
Foi uma praga que se abateu sobre o meu coração,
como numa plantação de café,
morto numa grande seca por falta d’água,
desaparecendo por completo,
uma foto desbotada da minha memória,
deixando-me sequelas na alma para sempre.
Assim quase morri.

Esse mesmo amor foi como um furacão,
uma arritmia agitando o meu coração a tal ponto de desejar morrer por ele,
por causa dele.
Ora, foi tudo uma grande ilusão.
Veja a loucura que é o amor que mata.
Logo, isso não é amor.

Um dia,
depois de tanto sofrer,
passei a ter medo do amor, qualquer um.
Morrer por causa dele jamais!
Nunca mais desejar amar alguém.
Em verdade,
supliquei para que sumisse de minha existência e nunca mais voltasse.
Jamais foi embora.

Até hoje o próprio amor sob múltiplos disfarces, rondando minha vida, insiste em bater na porta de meu coração gritando para que eu não desista dele.
Vive me dizendo que só um novo amor cura o velho amor
ou o renasce.

Abri a porta pela metade e o espreito.

Eu não sei mais se acredito nele.
Meu coração já foi enganado tantas vezes por ele que cheguei a conclusão que se trate de mais um de seus ardis, as mentiras que suportei.

A razão é simples: o amor vive a vender ilusões e entrega desilusões.

Paulo Rebelo, o escrevente do tempo.

7 Responses

  1. Floriano Lima disse:

    Belíssimo

  2. Roni Rabelo disse:

    Lindo! Só posso lhe dar parabéns!

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