A NAVALHA NA CARNE*

A NAVALHA NA CARNE

Atualmente, há um subtipo de burguês, o “socialista”, um tipo algo POLITICAMENTE CORRETO que acredita mesmo ser HUMANISTA, porta-voz dos oprimidos e que denuncia as incoerências e absurdos da sociedade em que vivemos.

É o burguês “consciente”, geralmente, alguém que faz MEA CULPA, tendo uma crise existencial pelos erros cometidos pela burguesia passada e presente e necessidade de alguma reparação histórica ou ainda o egresso da neo classe média forjada pela esquerda à custa de um progresso subsidiado pelo dinheiro público, um tipo visivelmente incomodado pelas “desigualdades sociais”, leia-se a riqueza alheia da qual se beneficia, talvez, incapaz de alcançá-la e erradicar a pobreza, inclusive, a sua própria, à guisa de combater a má distribuição de renda.

Assemelha-se a um parasita comensal. Seu discurso é frequentemente beligerante, atribuindo a pobreza geral e seu insucesso às “classes dominantes”.

Acontece que ele detrata a verdadeira classe média que renega, inveja e odeia por dela se sentir excluído ou fazer parte, mas apenas como um pária, um tipo auto exilado ou marginalizado; lamentavelmente, um indivíduo que deseja ser rico e não é, não deseja ser pobre, mas é. É pedante, tendo postura de intelectual do Primeiro Mundo, mas assemelha-se um ignorante do Terceiro, elegendo a surrada luta de classes ou pela minorias como bandeira.

O “legítimo” burguês não detrata a sua “comunidade”; ainda que tenha mil defeitos, ele a enriquece com o seu trabalho e se beneficia dela. Há uma simbiose entre eles e ou bem ou mal, assim caminha o homem. A própria classe média arrojada e conservadora, na maioria das vezes, com lentidão depura os seus excessos.

Assim a burguesia nacional segue profundamente dividida como se fosse possível haver duas burguesias; ser de direita e esquerda, esta que luta contra a primeira para extirpar seus pecados como navalha na carne.

Paulo Rebelo

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