A METAMORFOSE (porque sou quem sou)*
A METAMORFOSE
(porque sou quem sou)
Aos catorze anos, não me perguntes muito, como nem o porquê fui morar nos EUA, pois é uma história tão longa quanto bonita.
Apenas te direi que ganhara uma bolsa de estudos e isso foi um fator determinante na minha vida.
A experiência muda o homem. Amadureci quando morei nos EUA na década de 70, adolescente, como aluno de intercâmbio, vivendo com a Família MASTENBROOK, numa comunidade de classe média, cercada de muito verde, de casas térreas de madeira e amplas cercas entre elas e muito próxima de um rio onde costumava me banhar no verão. O amadurecimento, com certo deslumbramento, ocorreu com um misto de sacudidela na minha vida, em particular.
Os preparativos para minha ida foram feitos com antecedência. Recebi uma carta da organização sobre aspectos dos EUA e outra carta muito acolhedora c fotos e descrição da própria família.
Ao chegar à noite em DETROIT, o primeiro choque que tive foi com o frio intenso. Havia nevasca naquela noite. Fui recebido no aeroporto pelos anfitriões. Rodamos cerca de quatro horas por uma autoestrada até chegarmos em casa. Paramos num McDonald que nunca ouvira falar. Achei o gosto horrível por causa do sabor ácido do pickles. A conversa prosseguiu animada com muitas perguntas entre nós. Entendia quase tudo. Tinham um sotaque normal, mas falavam rápido e baixo sobre coisa novas para mim.
Chegamos tarde da noite e ainda nevava. O carro atolou na neve e tive que carregar minhas pesadas malas com roupas para 6 meses. O cão LEO (pronuncia-se LÍO) veio me receber. Nunca tinha visto dois belos carros na garagem, tanto eletrodoméstico e conforto com TV à cores, edredons, água quente, comida instantânea. A família era amigável, receptiva e me acolheu muito bem.
Havia obtido uma bolsa de estudos pela YOUTH FOR UNDERSTANDING, através de LILA ERICKSEN, minha madrinha, à quem sou eternamente grato, pois egresso de uma família pobre, na época, já tinha alguma percepção que minha vida pudesse ser limitada pelo ambiente com a carência relativa no qual vivia.
Era um esperto, muito curioso, tinha necessidade de falar, gostava de história geral e geografia.
A minha vida girava em torno da escola e de minha família americana.
Aprendi tanta coisa que a ideia latente de tornar-me médico ocorreu naturalmente e acelerada pela mudança transformadora na minha vida.
Muita coisa mudou e também, ao meu redor.
Atualmente, sou médico, casado com uma médica e tendo educado todos os nossos cinco filhos médicos na medicina.
Um milagre? Não, uma graça de DEUS!