A MEDIDA
A MEDIDA
Por Paulo Rebelo
Absorto andava
Sem me dar conta,
Que envelhecia,
Não imaginando o quê,
De fato, ocorria,
Visto que não sei precisar,
Quando um dia passei a meditar,
Acerca de minha inexorável partida,
Que cada vez menos
Longínqua parecia.
Era como minha vida
Desfilasse num átimo,
E num mar infinito
Fosse um farol à distância,
Cuja luz, aos poucos,
Minguando empalidecia.
Assustado estive
Mas logo resignado
Ficava contemplativo.
E na minha mente
Vinha-me a lembrança
De quem eu havia sido,
E então, olhei para trás,
Vi o legado construido,
Todavia estranhamente,
Nada valia ou fazia sentido.
Assim, não há dinheiro
Que o pague,
Eis que a verdadeira riqueza
Não é deste mundo,
Posto que ao final
O que importa,
Nossa grandeza
E passagem na terra
São medidas
Tão somente
Através dos olhos
De quem nos ama
E nos é querido.
Paulo Rebelo, o poeta do meio do mundo.