A LUTA*
Um dia,
sem querer,
tomei consciência de que eu existia
e superestimando a minha força e energia brutas,
ousei a desafiar o mundo,
pois nada me detinha.
Desejava subjugá-lo,
pô-lo aos meus pés,
mostrar a ele o que é verdadeiramente a justiça,
como se corrige as injustiças sociais,
como acabar com suas iniquidades,
como exterminar com as pragas,
doenças e morte!
Era jovem destemido e cria que tudo podia.
Todavia, o tempo foi passando
e por mais que tentasse,
o mundo pouco ou nada mudava.
Fui perdendo viço,
foi faltando-me fôlego,
meus sonhos.
Não imaginava,
que o mundo fosse bem maior do que eu,
Minha régua e compasso já não lhe mediam.
E quando tudo parecia perdido,
eu embarcava em pensamentos idílicos
Assim aprendi como era jogado o jogo da vida
sem regras claras
O mundo não poderia ser contido,
não cabia mais na palma de minha mão,
não cabia mais dentro de mim,
aliás, hoje sei, jamais coube
E sim, eu nele, algo
como uma peça qualquer
perdida num quebra-cabeça,
como um grão de areia à beira do mar,
onde agora, depois de muito lutar contra o mundo,
nele buscava eu um lugar,
Assim tem sido a minha saga.