A INSEPULTA*

O poder simbólico de MARIELLE é enorme enquanto mulher, negra, pobre, favelada e homossexual feminina, representando cerca de 52%, 54%, 25%, 6% e 10% da população brasileira, respectivamente.

Há muitos interesses públicos legítimos em questão. Mas, acima disso há o interesse de grupos políticos sob a égide da esquerda; isso representa votos e ter votos é ter poder para mudar uma nação. Nessa hora, sobrevêm o a luta pelo poder onde a ética e moral são marginais

A MARIELLE era um enorme poder em ascensão. Foi morta, sem sombra de dúvidas, por criminosos milicianos ou traficantes que praticavam toda a sorte de crimes como intimidação e extorsão, “segurança” na ausência do estado e que em algum momento tiveram suas operações confrontadas por suas ações políticas contra a exploração de serviços ilegais para moradores da favela, através da venda de drogas ou transporte por vans, distribuição de gás, sinal de TV a cabo, internet e venda de imóveis em construções irregulares. Ao ser assassinada, foi dado o recado; quem manda é o crime. Deixou o Brasil das mulheres negras, pobres, favelados e LGBTi supostamente sem voz.

Uma curiosidade: a esquerda não aborda diretamente a questão do tráfico de drogas, porque ela mesma é grande usuária.

Assim, no seu vácuo, a esquerda oportunistamente apropriou-se de MARIELLE; julga-se herdeira de sua politica.

À esquerda, interessa que MARIELLE esteja “viva” e vai explorá-la politicamente; à direta, que esteja “morta”, pois para esta, lembrar de desigualdades sociais e injustiça é atestar o fracasso de governos anteriores de direita, o que busca terminantemente esconder.

Assim, o que existe de pior da direita matou MARIELLE, a direita do crime organizado, mancomunado com tráfico de drogas. Sua imagem incomoda e muito a direita política e seus eleitores, porque continua a denunciar as suas evidentes contradições da sociedade em vivemos.

Por outro lado, o pior da esquerda populista e reacionária, também, se apropriou não só do legado de MARIELLE, mas de seu próprio corpo.

Para a esquerda, MARIELLE não pode ser esquecida, mas sem nenhum pudor, pode ser usada como símbolo contra as desigualdades sociais nas faixas e cartazes de protestos; o cartão de apresentação da esquerda “humanitária”; todavia, sua figura é um cadáver insepulto.

Para ela, curiosamente, importa manter o suspense no roteiro “Quem matou Marielle”. Mais importante do que encontrar os mandantes do crime, paradoxalmente, é não encontrá-los para que se mantenha viva a chama; manter sempre a sua atmosfera de disposição para lutas sociais, pois o show da esquerda precisa continuar.

Paulo Rebelo

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