A INJUSTIÇA*
A INJUSTIÇA
Uma das maiores injustiças cometidas contra o português é responsabilizar PORTUGAL pelas mazelas do Brasil, como sendo reflexo de sua colonização, tida como exploradora pelos brasileiros nacionalistas, cujo mal maior é a corrupção.
O BRASIL deve à PORTUGAL a sua extensão territorial,
seu idioma e peculiaridades, a sua heterogeneidade e miscigenação raciais, a integração social sem traumas nem ressentimentos, a livre aceitação do estrangeiro, a permeabilidade ao novo e diferente e, principalmente, acima de tudo, o legado historico através da luta do português pelo trabalho árduo nos trópicos, de sol a sol, agravado pelo distanciamento e abandono, a dureza da vida na colonia e depois, império, as doenças exóticas e invasões estrangeiras, amenizados através da natureza exuberante, a manemolência do povo, a cultura, a rica culinária, a religiosidade e por que não, certa contemporização e permissividade, fechando-se os olhos para contornar a severidade da vida no NOVO MUNDO.
O povo brasileiro jamais pode chamar o português de vadio, corrupto ou imoral. No máximo, rir de suas idiossincrasias, seu bigode, pança e sotaque. É inegável que muitos eram rudes, analfabetos ou semi-analfabetos, mas foram exemplares trabalhadores de sol a sol e desbravadores indômitos. Fizeram riqueza e a riqueza do BRASIL. Os portugueses, diferentes de outros povos, não vieram para cá como aventureiros nem exploradores; vieram em busca de uma vida melhor. Chegaram aqui com uma mão na frente e outra atrás, saídos da Península Ibérica com mala e cuia, acossados por reinos, à época, mais poderosos. Naturalmente, foram se incorporando à essa terra e foram dando corpo à ela. Deixaram um legado histórico grandioso do qual o Brasil deveria ser orgulhar e honrar, pois às duras penas foi construído e foi lhe dado de graça.
Ao estabelecer o IMPÉRIO a partir do Brasil, Portugal criou as bases da república moderna, trazendo o crescimento e desenvolvimento a saúde e educação através do estabelecimento de liceus, colégios e santas casas, estradas de ferro, teatros, marinha, praças e boulevards, jardins botânicos, museus, os portos e várias instituições financeiras, solidificando o conceito de nação brasileira, impedindo que o Brasil se tornasse uma África, cobiçada pelas nações européias que, fatalmente, teria sido dividida indiscriminada e irreponsavelmentre entre ingleses, franceses, holandeses, espanhóis e assim, o BRASIL, lamentaría-se não pelo que é hoje, mas o continente africano que poderia ter se tornado, vivendo não muito longe da ignorância, doenças, conflitos etnicos e barbárie.
Paulo Rebelo, o justo.