A HIPOCRISIA SOCIAL*
A HIPOCRISIA SOCIAL
Por Paulo Rebelo
Assistindo o clamor popular, sobretudo de internautas indignados com a morte de mais um preto, vítima da violência de uma “sociedade racista”, tem-se a impressão de que essa gente toda é humana e que realmente se importa com o outro ser humano estando morto ou não. Não! A sociedade alija de si mesma naturalmente aquelas pessoas que não conseguem acompanhar seu ritmo ffrenético como crianças e idosos, estes abandonados ou negligenciados, portadores de necessidades especiais e enfermos ou ainda aqueles que não se encaixam nos seus padrões sociais, o que demonstra, baixa tolerância e indiferença ao sofrimento humano e, em última análise, que seus próprios membros podem ser vítimas de suas leis draconianas, porém sobretudo moralistas. Leva vantagem quem pertence ao do seu meio, por conseguinte, a perversidade é somente para os opostos.
A hipocrisia é enorme, porquanto o humanista e humanitário virtual da internet é o mesmo que é incivilizado não te cumprimenta no elevador, quando avança o semáforo e a faixa do pedestre, cospe na rua, acredita mesmo que todos tenham seu mesmo gosto musical ou ritmo de vida, estaciona seu carro em local proibido, atira lixo no passeio público, fura a fila ou quando ocupa descaradamente a vaga de automóvel para idosos e deficientes nos supermercados e, ultimamente, joga máscaras usadas em qualquer lugar.
E, por favor, não venham me dizer que isso é mais coisa de gente pobre, preto e favelado ou da baixadas, portanto das classes inferiores. Não! É coisa de gente “de bem e diplomada” que, pelo acesso à educação, deveria dar o bom exemplo, as classes média e alta que perderam completamente o pudor, à guisa de acreditar mesmo que o mundo seja seu e, para não parecer tão totalmente feias, agora, demagogicamente, de uma hora para outra, tornaram-se “socialistas” no discurso, apenas para parecer mais
educadas e “humanistas”.
A impressão que se tem é que as classes superiores contribuiram para enfraquecer as relações humanas, dado à sua excessiva individualidade.
Paulo Rebelo.
Foto: máscara usada na COVID-19, pendurada no corrimão do elevador no prédio onde habitamos em Manaus.