A GUERRA DAS VACINAS*
A GUERRA DAS VACINAS
Por Paulo Rebelo
Antes de discorrer sobre o tema, é necessário dizer que sou apologista da vacinação contra a COVID-19 e que portanto, estou completamente vacinado, não necessariamente imunizado, infelizmente, pois a imunidade não é permanente como contra a varíola, sarampo, catapora, rubéola, poliomielite e etc. Também, acredito que a população deveria se vacinar, sim, por outro lado, não acredito que o LOCKDOWN e nem a obrigatoriedade da vacinação para fins de “passaporte vacinal” sejam a melhor estratégia para a contenção do vírus da COVID-19. Se assim fosse, a China através da TOLERÂNCIA ZERO ao coronavac já deveria ter controlado a enfermidade, mas o vírus mostra-se resistente a essas medidas, persistindo na forma de surtos, isolando cidades com milhões de habitantes.
Ambos os lados pró e contra a vacinação e até quanto ao tipo de imunizante (CORONAVAC, ASTRAZENECA, PFIZER e MODERNA), curiosamente, alegam fundamentos científicos para embasar suas posições. Não é bem assim.
Os que são contra a vacinação (anti-vaxxers em inglês) advogam a tese da “imunidade de rebanho”, que criaria uma resistência natural ao vírus ou a estranha rejeição infundada contra a nova tecnologia das vacinas de RNA mensageiro (mRNA), pois em laboratório, cientistas desenvolveram o mRNA sintético, que ensina ao organismo a fabricar a proteína S do SARS-CoV-2 (SPIKE PROTEIN), responsável pela ligação do vírus com as nossas células. A tese é que essa proteína e seus fragmentos após a morte do vírus, torna-se-ia indestrutível, sendo incorporada ao DNA, que é o código de identidade de cada ser humano e com isso, ativaria o sistema imunológico indefinidamente, supostamente levando à uma ação desordenada deste, culminando com o aparecimento de câncer ou doenças degenerativas como Alzheimer. Isso não está comprovado e até o momento é tido como uma “FAKE NEWS”, segundo as grandes instituições científicas de saúde mundial e a OMS.
Do outro lado, está aqueles que, também, em nome da ciência e por razões ditas humanitárias, senão apocalípticas (tal qual os anti-vaxxers) abraçaram a causa da vacinação obrigatória, levando essa questão ao extremismo como o passaporte obrigatório. Afinal, estamos numa democracia ou num país totalitário, perguntariam os filósofos das mídias sociais, os digital influencers?
De positivo em relação à vacina é que ela reduz a transmissibilidade do vírus, o aparecimento de variante, a severidade da doença, internações e morte.
Visto que a vacinação não impede a contaminação e transmissibilidade do vírus, medidas sanitárias públicas e higiênicas pessoais, tais quais o isolamento do enfermo, a quarentena dos contactantes, o distanciamento social, o evitamento de aglomeração em locais amplos, de grupos extensos em locais fechados, o uso de máscaras adequadas, higiene das mãos com água e sabão e o uso de álcool gel devem ser incentivados e cultivados pela população.
Acredito que vivamos numa época de relativo obscurantismo, sublimando a ciência que avança a passos largos, mal compreendida e interpretada, onde se de um lado há o medo coletivo e o populismo, na outra ponta, há a indiferença ou fundamentalismo religioso, pedantismo e falta de abnegação pessoal e compreensão para com a sociedade mundial que está em pânico.
Tomemos como exemplo para o mundo atual, o atemporal mote da Revolução Francesa (1789), EGALITÉ FRATERNITÉ LIBERTÉ, a mãe de todas as revoluções; ainda que seja belíssimo e grandioso, é utópico. No caso da pandemia da COVID-19, há uma assombrosa distopia, pois não há fraternidade como desejada, que seria o maior fundamento para vencer a guerra e sim, enormes desigualdades ou a igualdade imposta por decreto, que esbarra na liberdade (a lei é para todos!)e onde, por outro lado, prevalece a liberdade individual sobre o conjunto da sociedade (que vai de encontro à própria igualdade limitante). Diante de tanto paradoxo, daí as razões do fracasso ou as dificuldades, que estão muito além da ciência para exterminar a COVID-19.
Assim a solução para esse impasse, a meu pensamento, deveria partir do próprio indivíduo dotado de plena consciência e não do ESTADO, quando ele espontaneamente abriria mão de sua individualidade em prol da coletividade e isso não é restrição da liberdade.
Grosso modo, a solução para esse imbroglio seria, como, exemplo doméstica; como numa relação matrimonial em que um cônjuge cede ao pedido do outro para superar diferenças e dificuldades do momento, em nome da paz, harmonia e tranquilidade do casal num movimento de reciprocidade. Isso é tão óbvio, parecendo ingenuidade, quanto factível.
Paulo Rebelo, o observador do tempo.