A FELICIDADE*
A tristeza é longa e profunda
Nasce arraigada às raízes da alma,
causando longas noites de frio e solidão
A felicidade é fugaz
Está incrustada na pele viçosa
e como um perfume que se esvai
A tristeza arde como brasa
É pura dor
Já a felicidade sopra como brisa de manhãs primaveris
É a chama viva na escuridão no fim do túnel
As felicidade diz “SIM”
A tristeza, “NÃO”
A tristeza implode
A felicidade explode
A felicidade canta
A tristeza se cala
A tristeza fala tudo para dentro
Dela nada se sabe,
exceto que tem dor.
A felicidade anuncia-se para o mundo
A tristeza não tem fome
Todavia, a felicidade é insaciável
A tristeza é misteriosa e enigmática
A felicidade é porta aberta
É balão a gás
A tristeza é pedra jogada no fundo do rio
A tristeza hiberna
Ela é seca e desértica
Já a felicidade é boêmia
É tempestade tropical
Acorda-se querendo mais,
pois é pródiga e extravagante.
Ao passo que a tristeza é infecunda
Se um dia a tristeza morrer, ela não fará falta ao mundo.
Paulo Rebelo