A ESTRANHA RIQUEZA NA POBREZA*

A ESTRANHA RIQUEZA A PARTIR DA POBREZA.
Por Paulo Rebelo

O nordestino comum sobrevive pela graça de Deus e à espera de um Salvador da Pátria.

A votação regional maciça de Lula vem disso.

É muita dor no Nordeste, causada pelo neocoronelismo e oligarquias históricas, agravando a escassez alimentar, dado à seca pela falta d’água, perpetuando a miséria humana.

Paradoxalmente, a notável riqueza cultural como a literatura, a música, o artesanato, a culinária e arte são frutos dessa resistência diante dessa absurda pobreza. Como é possível ainda produzir maravilhas numa situação tão adversa?

O resiliente nordestino é um oásis no deserto, porém como a luta de forças é desigual, surge uma população carente de toda sorte, refém de “poderosos”, que egocêntricos, beirando a falta de caráter e mesmo sem, desprezam seus conterrâneos, que migram para regiões mais ricas, contribuindo enormemente para o seu desenvolvimento, em busca de oportunidade, fugindo da fome, despovoando e empobrecendo ainda mais a sua região de origem, criando um círculo vicioso de indigência, sendo tratados perversa e injustamente como brasileiros de segunda categoria.

Aquele sobrevivente é uma flor de lotus nascida no pântano. A maioria definha e morre ou apenas resiste abulica. É como “Vidas Secas” de Graciliano Ramos.

A crônica inanição leva à desnutrição do ser humano, não só física, mas mental, que retro alimenta-se com reflexo educacional, corroendo o seu moral e a moral, subvertendo a inteligência e intelectualidade, prejudicando o seu juízo de valor, que por necessidades básicas, torna-o presa fácil de oportunismo, elegendo maus políticos.

O que mais dói é que não são mais os imperialistas americano e europeu que exploram o Brasil e escravizam o povo, mas as próprias elites políticas nordestinas locais, que se alternam no poder ou fazem alianças para isso, como os Arraes, os Lobão, Alves, Arruda, Sarney, Calheiros, Lins, lira, Gomes, Jereissati, Collor de Mello…São os velhos coronéis e oligarcas, que reproduzindo o modelo de exploradores europeus dos tempos coloniais, aprenderam muito bem com os colonizadores como enriquecer, perpetuando a miséria humana.

Já Lula, ladino, aprendeu com esses, usando a maxima-“Se você não pode com eles, una-se a eles”.

Que o diga o apoio que recebe da nata política local ao subir nos palanques eleitoreiros.

Hão de dizer que é ingenuidade minha (pode ser), todavia do mais humilde até o mais rico nordestino, ignorantes, ambos conscientes ou não, se reproduzem politica e socialmente à base do capitalismo antropofágico, sendo responsáveis cada um à sua maneira, protagonistas do grande atraso histórico regional com reflexo para toda a nação.

Paulo Rebelo, médico.

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