A ECO SOCIOLOGIA TUCUJÚ*

A ECO SOCIOLOGIA TUCUJU

Ao ler tanta gente parabenizando o povo “anfíbio” que mora em casebres nas áreas de ressaca, “cuidando” do meio ambiente local, fico desolado; só retrata uma sociedade ingênua, desigual e de sucessivos governos omissos.
Torna-se um incentivo à novas ocupações; uma praga sem controle;
uma FAVELA AQUÁTICA, um olhar romantizado e condescendente vindo de ricos e pobres.

“Eu não onde morar e é por isso que moro na areia”.
Dorival Caymmi.

Acostumado a um regime da águas, ignorante dos riscos que corre, é um povo “ribeirinho” que desconhece a valorização da própria vida, não valoriza o meio ambiente; parece valorizar.
Não é vida simples; é pobreza mesmo.
Por que maravilhar-se com isso?

Lá crianças perdem a vida afogadas!
Lá não tem coleta de lixo nem padaria, não tem escola, não tem canto de pássaros nem alvorada; não tem quintal, não tem praças; há ratos, cobras e urubus!
O equilíbrio social é tênue como um fio de cabelo.

Áreas de ressaca são grandes passagens de ar e água. É um bioma que os renova. É a fonte d’água e pulmão da cidade.
Ocupação dessas áreas é CRIME AMBIENTAL.

E aí, políticos ignorantes ou de má fé em busca de votos, demagogos e populistas falam em “urbanização das baixadas”, construindo passarelas de concreto!

Invasões são como guetos. Tudo é submundo; não entra bicicleta, não entra ambulância! Não entra policia, mas entra droga, bandido!

Não é para louvar; é para chorar. Não é crítica ácida, pois o posseiro não é grileiro, não é bandido; busca moradia, mas isso parece castigo; é como se o prisioneiro cuidasse bem de sua cela, mantendo-a “limpinha”.

O lema, então, é “Minha Palafita Minha Vida”.

Há o forte fator cultural do amazônida; ele acostumou-se a viver à beira do rio. Não é poético; é triste.

Respeito essa gente abandonada à própria sorte que são “sobreviventes, porém são simultaneamente causa e efeito da miséria humana.

Ao colocar-me em seu lugar, seria como se estivesse desesperançoso, abandonado a própria sorte e a DEUS dará, lutando para não morrer afogado e se tivesse, meu DEUS, de ser carregado dali, que o fosse para um moradia digna e não para ser enterrado numa cova rasa.

Paulo Rebelo, o médico poeta.

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