A DOR QUE VICIA/ORIGEM DO POEMA*
Amigo-A,
Estava comovido e inspirado, enquanto escrevia. Foi como um parto distócico. Pude escrevê-lo depois de muitos anos. Foi sentimento misto de dor e alívio acumulados. Coisa p psiquiatra! 😂😂😂
Gostaria que o poema fosse auto explicativo, mas é quase impossivel. Só dá pistas de algo confuso e complexo. Não dá p advinhar, né? Tive que fazer nota de rodapé.
ORIGEM DO POEMA:
uma mulher na casa dos 55 a foi ao meu consultório cardiológico, porque tinha sintomas físicos muito intensos: angústia no peito com palpitações, dor torácica, cansaço e sensação de falta de ar “todo o tempo” e “por qualquer coisa”, que só melhorava quando chorava. Desde o primeiro momento, fiz a hipótese diagnóstica de depressão. Os exames de coração e laboratoriais estavam todos normais, com exceção da glicose e colesterol total elevados, ganchos para iniciar tratamento, também, para a depressão (e insônia), algo que não acreditava ter e por isso se recusava se tratar, pois dizia que “era uma pessoa normal e muito forte para ter aguentado o quê passou” e “porque não era louca”. Na anamnese, soube-se que ela havia perdido sua única filha por CA de útero e que criava sua neta. A dor da saudade da filha aumentava e aliviava com presença da neta. Que sentimento tão intenso e contraditório, demasiadamente humano, não? História da vida como ela é, forte e profundamente tocante.
A minha “vantagem” como modesto escritor é que sou um arguto observador privilegiado. DEUS me deu esse honra de sê-lo como médico, todavia, digo brincando aos amigos e pacientes mais chegados, que sou como o “ORÁCULO DE DELFOS”, onde o peregrino vem de muito longe para se consultar em busca de respostas para suas aflições e saber o seu destino. Todavia, mais do que isso, metaforicamente falando, sou ASCLÉPIO, deus grego educado na arte das ervas medicinais e cirurgias, que diante do sofrimento alheio, intervém para sua cura. Sou o GALENO de hoje. Sou “um poeta que cura.” 😜
Espero que gostes do poema.
P.S. Trinta dias depois com o tratamento estava melhor. Encaminhei-a p acompanhamento psiquiátrico e psicológico. Depois disso, nunca mais soube dela.
Um grande abraço fraternal.
Paulo Rebelo, teu amigo.
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