A DOR*
A DOR
Por Paulo Rebelo
Ah!
A dor que sinto
é minha.
Tão solitária,
Tão visivelmente
Escondida.
Quisera passar
Adiante,
Ser Dividida,
Cedida
Descartada,
Perdida.
Todavia
Não pode ser vendida
Nem alugada.
Não pode ser vivida
nem sentida
por ninguém.
Não é egoísmo;
é só minha.
A minha dor
Não tem nenhum
Valor para outrem,
Exceto para mim.
Apenas eu sei
Seu preço.
Dentro de mim
Está seu endereço.
Ela é a necessidade
Da expressão
De minha alma
Por uma perda,
Por ausências
Com toda intensidade,
Estranha beleza,
São carências.
É a dor
De um momento,
De toda uma Existência,
Afixada em mim
Como um eterno
Encantamento.
Paulo Rebelo, o médico poeta